Os espasmos musculares, uma das causas mais comuns de dores nas costas e no pescoço, podem na imensa maioria das vezes serem resolvidos com tratamento conservador, não-cirúrgico. Existem, no entanto, alguns sinais que servem como alerta para que você procure um médico para ser avaliado.
Imagine que você acabou de erguer o saco de ração para cachorros do porta-malas, ou que talvez tenha virado a cabeça para se certificar de que o caminho está livre antes de tirar o carro do estacionamento, ou ainda que tenha apenas realizado um profundo alongamento corporal, depois de passar as últimas nove horas em um vôo apertado vindo do exterior. De repente, ondas de dor muscular incontrolável atingem suas costas com tanta força que você mal pode se levantar. Como os músculos que envolvem e suportam a coluna estão entre os mais potentes e os mais frequentemente usados no nosso corpo, os espasmos musculares podem ser uma das causas mais comuns de dores nas costas.
Um dos mecanismos naturais de resposta protetora do organismo, o espasmo muscular consiste em uma contração involuntária sustentada das fibras musculares (ou dos próprios músculos ou nervos que os servem) em resposta à lesão ou à inflamação. Na parte posterior do corpo, espasmos musculares também podem sinalizar lesões ou danos a uma estrutura vertebral subjacente, como as vértebras, discos e ligamentos que conectam as vértebras.
Espasmos podem ocorrer por uma variedade de razões: um trauma súbito ou extensão da coluna vertebral ou dos músculos e tecidos que a suportam, tal como ocorre em uma entorse, ou algum outro tipo de distúrbio mecânico que possa provocar a compressão ou irritação do nervo espinhal.
Os principais sintomas de um espasmo muscular incluem tipicamente dor aguda nas costas ou no pescoço, dependendo do local da lesão ou da condição subjacente, acompanhada por uma sensação de aperto muscular intenso, que pode ocorrer em “ciclos” que duram de alguns segundos a vários minutos.
A dor e a rigidez têm, na verdade, um duplo propósito: sinalizar que algo está errado e limitar o movimento dos tecidos e estruturas afetados, protegendo-os de novas lesões. Os sintomas tendem a aparecer subitamente após a atividade física e geralmente se aliviam após um período de descanso.
Em casa
Em muitos casos, os espasmos musculares podem ser resolvidos em alguns dias ou semanas, após um período de tratamento conservador, desde que não haja condições médicas subjacentes graves ou acometimento da medula.
Contate o seu médico imediatamente se você está apresentando:
Se nenhuma das opções acima está presente, há algumas coisas que você pode fazer em seu próprio domicílio para aliviar os músculos dolorosos e para reduzir a inflamação que está causando o problema.
Repouso não é melhor – Você deve buscar executar suas atividades diárias normalmente, talvez apenas em um ritmo mais lento e, definitivamente, evitar o que pode ter desencadeado a dor. Esta é uma boa maneira de iniciar o processo de cura. Um curto “tempo de sofá” pode aliviar a dor, mas a atividade irá acelerar a recuperação, devendo-se evitar permanecer deitado por longos períodos de tempo.
Compressas frias – Nas primeiras 72 horas após o início dos espasmos musculares, enrole um bloco de gelo, almofada de gel frio em um pano fino (para evitar queimadura pelo gelo) e aplique na área afetada por cerca de 20 minutos, várias vezes ao dia. O gelo diminui a inflamação e o inchaço, entorpece o tecido e diminui o envio de impulsos nervosos da área lesada. Cuide-se, no entanto, para não exceder o tempo de aplicação local de gelo – sessões acima de 20 minutos podem acentuar os espamos musculares ou inflamar ainda mais os tecidos.
Terapia de calor – Após os três primeiros dias, você pode começar a aplicar o calor para relaxar a tensão muscular e aumentar o fluxo de sangue local. Esperar pelo menos 72 horas após o seu início espasmos permite que o inchaço e a inflamação inicial diminuam. Boas fontes de calor incluem uma almofada de aquecimento úmido ou compressa de calor, bem como um banho quente, jacuzzi ou chuveiro.
Analgésicos antiinflamatórios – Fármacos antiinflamatórios não-esteroidais, tais como aspirina, ibuprofeno, paracetamol ou naproxeno sódico, podem aliviar a dor, o inchaço e a rigidez. Há uma série de opções para prescrição. O seu médico e/ou o farmacêutico podem ajudá-lo a determinar o que é melhor para você.
Órteses externas – O uso em curto prazo de uma cinta ou espartilho suave pode ajudar a aliviar os espasmos musculares, mantendo os tecidos inflamados ou estruturas da coluna vertebral imobilizados. Usada corretamente, uma cinta pode aliviar a dor e dar calor, conforto e apoio (consulte o seu médico sobre o correto posicionamento da mesma), mas não se deve contar com este tipo de apoio externo por muito tempo, já que isso pode poupar o trabalho dos seus músculos, eventualmente enfraquecendo-os e fazendo com que uma nova lesão possa ocorrer de forma mais fácil.
Se o tratamento conservador não ajuda …
Se os seus espasmos musculares não diminuíram e as dores e outros desconfortos associados a eles não melhorou visivelmente após 72 horas de auto-cuidado, contate o seu prestador de serviços médicos, pois pode haver uma condição médica/espinhal subjacente que precisa ser abordada por um profissional.
Alternativas que também podem ser recomendadas para o alívio da dor e do desconforto são:
Massagem Terapêutica. Massagem terapêutica é a prática de aplicar pressão ou vibração nos tecidos moles do corpo, como os músculos, tecidos conectivos, tendões, ligamentos e articulações. Através da pressão dos tecidos profundos e/ou mais superficiais com movimentos de afago, a massagem pode ser utilizada em todo o corpo ou em parte dele para relaxar os músculos, controlar a dor, melhorar a circulação e aliviar o estresse e a tensão.
Fisioterapia. Durante o período de fisioterapia, diferentes tratamentos, tais como aplicações de calor e de frio, ultra-som, hidroterapia e massagens, são muitas vezes incorporados para ajudar a aliviar a dor muscular e a rigidez. O ultra-som envolve a passagem de um transdutor sobre a área dolorida e a transmissão de ondas de baixa frequência ou de ondas sonoras profundas nos músculos, aquecendo-os e aumentando a circulação sanguínea. Exercício terapêutico e alongamento também podem ser prescritos para construir a força e aumentar a amplitude de movimento, bem como ensinar a postura correta e técnicas de relaxamento. Saiba mais sobre a terapia física .
Acupuntura. Acupuntura envolve a colocação de agulhas de aço inoxidável muito finas na pele, em certas localidades que parecem corresponder a determinados órgãos e estruturas anatômicas profundas dentro do corpo, incluindo a coluna vertebral. A teoria de como funciona a acupuntura não foi validada pela pesquisa moderna, mas há uma linha de pensamento que defende que as agulhas estimulam neurotransmissores de supressão de dor e de redução da inflamação, aumentando a circulação, reduzindo a tensão muscular e, finalmente, proporcionando alívio da dor. Saiba mais sobre a acupuntura.
Quiropraxia. A quiropraxia visa prevenir e tratar as dores nas costas e outros problemas de saúde, através do ajuste manual de desalinhamentos ou subluxações na coluna vertebral. Outras terapias quiropráticas incluem a estimulação muscular, TENS (estimulação elétrica nervosa transcutânea), ultra-som e/ou gelo e terapia de calor. A quiropraxia também pode incorporar o exercício terapêutico, o alongamento e a massagem terapêutica. Saiba mais sobre o tratamento quiroprático .
Para evitar uma nova lesão nas costas ou no pescoço – e evitar qualquer recorrência de espasmos musculares dolorosos – é importante construir e manter a força e a flexibilidade dos músculos, tendões e ligamentos que sustentam as costas e a coluna vertebral. Isto pode ser obtido por meio de:
Para programas de fortalecimento das costas nos níveis iniciante, intermediário e avançado, confira esses exercícios para as costas e coluna vertebral .
Atenção: Se você está experimentando espasmos musculares ativos, por favor, consulte o seu médico antes de iniciar qualquer tipo de exercício ou programa de alongamento, mesmo se você já estava em atividade regular previamente. Quando os músculos, nervos e outros tecidos estão inflamados e contraídos, ou estão em estágios iniciais de recuperação, é importante não exceder a amplitude de movimento à qual as estruturas estão preparadas para lidar, visto que isso pode causar ainda mais prejuízos e/ou prolongar o processo de cicatrização.